Titular de um ministério que por natureza tem obras para entregar, Tarcísio não economiza na propaganda. Suas redes sociais viraram vitrine das ações do ministério, mesmo que sejam pequenos reparos como a conclusão de apenas cinco quilômetros de pavimentação. Nas redes, ganhou da claque bolsonarista a alcunha de “Tarcisão do Asfalto”.
O presidente já cogitou lançá-lo ao governo de São Paulo em 2022 e, mais recentemente, passou a querer vê-lo na corrida por uma cadeira no Senado por Mato Grosso ou Goiás. O ministro deve se filiar ao partido para o qual Bolsonaro migrar.
O cargo estratégico na Esplanada lhe conferiu também a função de interlocutor de Bolsonaro com uma de suas principais bases de apoio. Tarcísio integra nada menos que 48 grupos de WhatsApp de caminhoneiros. Nos últimos dias, teve de se dedicar a ligações para líderes da categoria. Insuflados pelos discursos antidemocráticos de Bolsonaro durante os atos de 7 de Setembro, eles bloquearam estradas em diversos estados do país. Defendiam pautas do Palácio do Planalto que nada tinham a ver com a alta do preço dos combustíveis, como a defesa do impeachment de ministros do STF.
Para debelar o movimento que ameaçava virar contra o próprio governo, ele falou com cerca de 50 líderes nos últimos dias. O ministro também fez circular um áudio em que o próprio Bolsonaro apelava pelo fim dos bloqueios. Militantes acharam que a mensagem de voz era falsa, e Tarcísio teve de gravar um vídeo, registrando a data, para confirmar a autenticidade.
Tarcísio faz mais propaganda do que ações realmente efetivas na Infraestrutura. O deputado Ricardo Zarattini (PT-SP) avalia que há “muita garganta”, ou seja, mais divulgação do que obras de fato.
— Na prática, não está se vendo muita coisa. Fez umas licitação, mas nada inaugurado. Até isso virar resultado, leva dois anos, pelo menos. Há uma estrada aqui e outra ali, quando não inauguram uma ponte de madeira — minimiza.
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